sexta-feira, 27 de novembro de 2009
A MEDIDA DO AR
é essa coisa que nem sempre consigo explicar,
mas que sempre gosto de pensar,
e pensando nisso que sinto de mais sutil
das coisas mais simples que te compõe
é que tento imaginar como essa calma
de dente-de-leão que levemente pousa no chão
pode alimentar ainda mais essa louca
e devastadora vontade de devorar teu sexo...
é na medida certa que o ar,
nem sempre percebido,
pode atiçar o fogo
mesmo parecendo que irá apagá-lo...
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
PARA QUANDO NÃO TIVER VONTADE ALGUMA
Quando chegar o dia da entrega
de meu corpo aos vermes,
que não derramem lágrimas em demasia,
nem demasiada seja o louvor a dor,
pois a vida que prossegue
já não precisará de mim.
Este lindo mundo torto,
que me traz as angustias
de eternos "que fazer?",
coisas que ainda penso em viver,
já não farão mas sentido na morte.
Tenho consciência que sempre
restarão planos inconclusos,
restos de processos
que não me importarei
em deixá-los nas mãos dos que ficarem,
afinal,
já não terei mais como me importar.
Meu conforto reside em saber
que as belas pessoas que conheci aqui e acolá,
não deixarão que sejam em vão
as tentativas,
minhas e de vários outros,
de tornar o mundo algo melhor.
Gosto de saber
que saberão viver sem o ser que fui.
Sequer me importarei onde enfiarão o "eu defunto",
só espero não ter o desprazer
de despertar de meu sono eterno
somente para dar um basta
em qualquer canto fúnebre que toquem,
destes já escutei demais
para saber o quanto são desnecessários.
Sei a dor que a morte trás,
nenhuma novidade,
mas nenhuma dor vale a pena ser nutrida.
E que minha morte nutra
a vida dos vermes, bactérias e plantas
para onde irei.
O mais importante para mim é saber
que conheci a tristeza e a felicidade
enquanto vivi.
Se puder ter uma longa vida,
viverei,
caso seja curta,
paciência,
defuntos não lamentam.
Estas são minhas vontades
para quando já não tiver vontade alguma.
de meu corpo aos vermes,
que não derramem lágrimas em demasia,
nem demasiada seja o louvor a dor,
pois a vida que prossegue
já não precisará de mim.
Este lindo mundo torto,
que me traz as angustias
de eternos "que fazer?",
coisas que ainda penso em viver,
já não farão mas sentido na morte.
Tenho consciência que sempre
restarão planos inconclusos,
restos de processos
que não me importarei
em deixá-los nas mãos dos que ficarem,
afinal,
já não terei mais como me importar.
Meu conforto reside em saber
que as belas pessoas que conheci aqui e acolá,
não deixarão que sejam em vão
as tentativas,
minhas e de vários outros,
de tornar o mundo algo melhor.
Gosto de saber
que saberão viver sem o ser que fui.
Sequer me importarei onde enfiarão o "eu defunto",
só espero não ter o desprazer
de despertar de meu sono eterno
somente para dar um basta
em qualquer canto fúnebre que toquem,
destes já escutei demais
para saber o quanto são desnecessários.
Sei a dor que a morte trás,
nenhuma novidade,
mas nenhuma dor vale a pena ser nutrida.
E que minha morte nutra
a vida dos vermes, bactérias e plantas
para onde irei.
O mais importante para mim é saber
que conheci a tristeza e a felicidade
enquanto vivi.
Se puder ter uma longa vida,
viverei,
caso seja curta,
paciência,
defuntos não lamentam.
Estas são minhas vontades
para quando já não tiver vontade alguma.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
MANIFESTO DO MIRANTE (O Sol que agente Conquista)
Um corte de luz,
cortaram a água,
um corte serrote,
cortaram a escada.
Por mó de que?
A mando de quem?
Em quem se manda?
Meus olhos não vêem,
minha consciência explica,
és tão real
quanto ao ato que praticas.
Força invisível opressora,
tão quanto o maldito mandante,
o teu dia irá chegar,
teu riso há de passar,
carne cortada
sangrando na terra,
sangrado verei
os vermes te devorar.
Toda forma de alegria,
cada hora de nossa
lúdica lucidez vivida,
qualquer forma
de verso subversivo
tentam nos mutilar,
mas os inúteis não sabem
que as idéias estão em segredo
em lugar que nos acompanha
passo a passo
onde quer que estejamos,
onde quer que possamos estar.
Podem nos privar do mirante,
mas o por do sol toma todo o céu,
onde tua mesquinhez
não pode alcançar.
E se não nos cortaram as asas,
ainda podemos voar,
um novo horizonte enxergar,
palavras de ordem versar,
escrever poesias e te incomodar
fazer protesto como forma
de lutar.
cortaram a água,
um corte serrote,
cortaram a escada.
Por mó de que?
A mando de quem?
Em quem se manda?
Meus olhos não vêem,
minha consciência explica,
és tão real
quanto ao ato que praticas.
Força invisível opressora,
tão quanto o maldito mandante,
o teu dia irá chegar,
teu riso há de passar,
carne cortada
sangrando na terra,
sangrado verei
os vermes te devorar.
Toda forma de alegria,
cada hora de nossa
lúdica lucidez vivida,
qualquer forma
de verso subversivo
tentam nos mutilar,
mas os inúteis não sabem
que as idéias estão em segredo
em lugar que nos acompanha
passo a passo
onde quer que estejamos,
onde quer que possamos estar.
Podem nos privar do mirante,
mas o por do sol toma todo o céu,
onde tua mesquinhez
não pode alcançar.
E se não nos cortaram as asas,
ainda podemos voar,
um novo horizonte enxergar,
palavras de ordem versar,
escrever poesias e te incomodar
fazer protesto como forma
de lutar.
domingo, 26 de julho de 2009
AMARGAMIA
Em minha sacada
vive uma margarida,
o quanto é tola.
Pensa ela
que o sol se apaga
ao fim do dia.
Não estará ele
queimando além do horizonte?
Pobre margarida tola,
teme que o beija-flor
vá embora após beijá-la.
Porque se aflige
ao vê-lo pousar em outra flores?
Que pensa margarida?
Guarda teus amores numa vitrine?
Não sente mais seus aromas?
Quantas rugas...
Veja
a margarida
na sacada,
não larga a terra
onde estão presas
suas raízes.
vive uma margarida,
o quanto é tola.
Pensa ela
que o sol se apaga
ao fim do dia.
Não estará ele
queimando além do horizonte?
Pobre margarida tola,
teme que o beija-flor
vá embora após beijá-la.
Porque se aflige
ao vê-lo pousar em outra flores?
Que pensa margarida?
Guarda teus amores numa vitrine?
Não sente mais seus aromas?
Quantas rugas...
Veja
a margarida
na sacada,
não larga a terra
onde estão presas
suas raízes.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
O QUE SOU?
Tudo que existe já é
antes do bem e do mal,
tudo que vejo
levou de mim um pedaço
quando do olho saiu para fora,
tudo que penso, digo ou escrevo
ganhou de mim o crivo da moral
que carrego, prego e escuto.
Tudo que existe já é
antes de ter um nome ou um signo,
o julgamento da essência é incerto,
se aproxima ou se afasta
do que realmente é,
a certeza é a escolha do bom senso.
Tudo que existe só é
por que um dia passou ser,
toda rocha pode tornar-se poeria,
toda poeira pode um dia virar rocha,
sua condição a faz ser o que é.
Tudo que é sólido desmancha,
todo pensamento é infinito,
se não o é, está preso então.
Tudo que é ser está sendo,
sendo que um dia foi ou ainda é,
só continuo sendo o que não quero
se não me ver capaz de ser o que quiser,
posso ser qualquer coisa
se faço o que quero ser.
Há quem diga o que sou
para seja o que querem,
há quem diga o que o é
sendo não faz o que diz ser.
Tudo que é ser também é "são",
na primeira e terceira pessoa
não são boas ou ruins,
são indivíduos e estão
ainda descobrindo de si.
Mesmo sendo e vivendo
contradição,
vou sendo como posso,
o termo de mim só importa
no plano do material,
faço o que quero
da maneira que faço
por que faço da forma
que se concretize
no julgo do que acho correto.
Digo o que é possível
pelo que observo,
e torno possível quando dá
ou quando quero.
Sendo assim sou que o quero,
pois quando quero ser
o faço.
antes do bem e do mal,
tudo que vejo
levou de mim um pedaço
quando do olho saiu para fora,
tudo que penso, digo ou escrevo
ganhou de mim o crivo da moral
que carrego, prego e escuto.
Tudo que existe já é
antes de ter um nome ou um signo,
o julgamento da essência é incerto,
se aproxima ou se afasta
do que realmente é,
a certeza é a escolha do bom senso.
Tudo que existe só é
por que um dia passou ser,
toda rocha pode tornar-se poeria,
toda poeira pode um dia virar rocha,
sua condição a faz ser o que é.
Tudo que é sólido desmancha,
todo pensamento é infinito,
se não o é, está preso então.
Tudo que é ser está sendo,
sendo que um dia foi ou ainda é,
só continuo sendo o que não quero
se não me ver capaz de ser o que quiser,
posso ser qualquer coisa
se faço o que quero ser.
Há quem diga o que sou
para seja o que querem,
há quem diga o que o é
sendo não faz o que diz ser.
Tudo que é ser também é "são",
na primeira e terceira pessoa
não são boas ou ruins,
são indivíduos e estão
ainda descobrindo de si.
Mesmo sendo e vivendo
contradição,
vou sendo como posso,
o termo de mim só importa
no plano do material,
faço o que quero
da maneira que faço
por que faço da forma
que se concretize
no julgo do que acho correto.
Digo o que é possível
pelo que observo,
e torno possível quando dá
ou quando quero.
Sendo assim sou que o quero,
pois quando quero ser
o faço.
COMO OLHO PARA TRÁS
Quando me cai a nostalgia
inevitável é a lembrança
do que foi,
do que pensei que seria.
Mas de que adianta querer
o que não é?
Como pensar ser nuvem algodão
sendo que um seca
e o outro molha?
Como posso querer
que seja como antes,
que o tempo volte
sendo que este não para?
É irreversível.
Quando penso para trás
não deixo de olhar pra frente
nem penso em viver
tudo de novo,
mas viver o novo.
Vejo o passado
com os olhos do futuro,
vendo onde começa
para saber como prosseguir.
inevitável é a lembrança
do que foi,
do que pensei que seria.
Mas de que adianta querer
o que não é?
Como pensar ser nuvem algodão
sendo que um seca
e o outro molha?
Como posso querer
que seja como antes,
que o tempo volte
sendo que este não para?
É irreversível.
Quando penso para trás
não deixo de olhar pra frente
nem penso em viver
tudo de novo,
mas viver o novo.
Vejo o passado
com os olhos do futuro,
vendo onde começa
para saber como prosseguir.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
NA PAREDE DA MEMÓRIA
A força da memória
é um badalo que ensurdece,
por isso abafam seu eco quando é risco,
por isso resiste por quem não esquece.
Eis a parte que me cabe neste latifúndio,
já nem parece que ali uma cidade existiu,
Canudos escondida foi barragem a baixo construída,
aqueles que ocultam memórias o fizeram,
como quem quer esconder de si mesmo
o que prefere não enxergar,
o que prefere que não enxerguem.
Em meio as águas apenas um sinal vida,
a cruz numa torre alta da igreja,
uma cabeça e dois braços,
é um badalo que ensurdece,
por isso abafam seu eco quando é risco,
por isso resiste por quem não esquece.
Eis a parte que me cabe neste latifúndio,
já nem parece que ali uma cidade existiu,
Canudos escondida foi barragem a baixo construída,
aqueles que ocultam memórias o fizeram,
como quem quer esconder de si mesmo
o que prefere não enxergar,
o que prefere que não enxerguem.
Em meio as águas apenas um sinal vida,
a cruz numa torre alta da igreja,
uma cabeça e dois braços,
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Sei que não te agrada minhas poesias
sábado, 30 de maio de 2009
A DIALÉTICA DO SER (a partir do ponto de chegada, mas também um novo ponto de partida)
Enclausurado dentro de mim
misturo minuciosamente minhas memórias,
fora do tempo, fujo das horas,
temendo os pingos de chuva lá de fora.
Temor tem prazo de validade,
temer demais estraga,
puta putrefação exagerada,
enxerga encharcada
a vida feia e cagada.
Sim!
Todo aprendizado
é uma espécie de clausura,
voltar às estranhas impuras,
escuras grutas gruindo
sussurros medrosos do escuro.
Claustrofóbica mente chora,
enclausurada se enxerga melhor
do que de fora.
Pelo avesso arranca
o câncer encarnado na carne
que borbulha efervescente
os gemidos, os gemidos
esquecidos, empilhados,
condensados são mofados
a uma massa crítica,
crise, crise, cresce,
e num estardalhaço
explode o grito.
Poca os poucos pilares
da prisão temporal,
arrota o grotesco
e choca o que é normal.
Expande o espaço denso
extra corporal,
liberando as feras enjauladas
do ser animal.
De tão forte o impulso
sobe em pulso, pulso,
pulsa, pulsa
e decola para fora
da orbita do planeta.
Enxerga sua forma
desgastada e obsoleta,
onde os raios do sol
nem podem alcançar.
De tal forma grande o grito,
desloca tudo em sua volta,
de tal forma cria o vácuo
que faz puxar tudo de volta,
com tal força e intensidade
que recolhe o conteúdo de fora,
tudo que não podia ver
em seu retiro de outrora.
Matéria intensa é sugada,
interno misturado com externo,
tese contra antítese,
o que era antes não é mais o de agora,
carregado e impregnado
do que foi numa outra hora.
Passado o passado arcaico
nasce o novo,
que é nada mais
do que o mais do mesmo.
Mas mesmo assim,
mesmo o mesmo,
não é visto da mesma forma
por muito mais tempo.
Ver o mesmo por um lado diferente
é criar a mesma coisa
por diversas vezes,
e poder enxergar,
cada vez mais,
mais coisas do mesmo,
dando voltas e voltas constantes,
mas nunca no mesmo ponto,
sempre a expandir-se
como um espiral gigante.
Absorção abdominal
como se puxa o fôlego,
aprende tudo o quanto puder,
até que a força visceral do vácuo,
criada pela expansão da
matéria condensada,
vá diminuindo, diminuindo
e de novo forme o câncer,
que vai crescendo, crescendo,
se condensando,
e se tranca mais uma vez,
se enclausura,
toma forma e vira uma nova tese,
a síntese,
até que chegue o ponto
de expandir-se
misturo minuciosamente minhas memórias,
fora do tempo, fujo das horas,
temendo os pingos de chuva lá de fora.
Temor tem prazo de validade,
temer demais estraga,
puta putrefação exagerada,
enxerga encharcada
a vida feia e cagada.
Sim!
Todo aprendizado
é uma espécie de clausura,
voltar às estranhas impuras,
escuras grutas gruindo
sussurros medrosos do escuro.
Claustrofóbica mente chora,
enclausurada se enxerga melhor
do que de fora.
Pelo avesso arranca
o câncer encarnado na carne
que borbulha efervescente
os gemidos, os gemidos
esquecidos, empilhados,
condensados são mofados
a uma massa crítica,
crise, crise, cresce,
e num estardalhaço
explode o grito.
Poca os poucos pilares
da prisão temporal,
arrota o grotesco
e choca o que é normal.
Expande o espaço denso
extra corporal,
liberando as feras enjauladas
do ser animal.
De tão forte o impulso
sobe em pulso, pulso,
pulsa, pulsa
e decola para fora
da orbita do planeta.
Enxerga sua forma
desgastada e obsoleta,
onde os raios do sol
nem podem alcançar.
De tal forma grande o grito,
desloca tudo em sua volta,
de tal forma cria o vácuo
que faz puxar tudo de volta,
com tal força e intensidade
que recolhe o conteúdo de fora,
tudo que não podia ver
em seu retiro de outrora.
Matéria intensa é sugada,
interno misturado com externo,
tese contra antítese,
o que era antes não é mais o de agora,
carregado e impregnado
do que foi numa outra hora.
Passado o passado arcaico
nasce o novo,
que é nada mais
do que o mais do mesmo.
Mas mesmo assim,
mesmo o mesmo,
não é visto da mesma forma
por muito mais tempo.
Ver o mesmo por um lado diferente
é criar a mesma coisa
por diversas vezes,
e poder enxergar,
cada vez mais,
mais coisas do mesmo,
dando voltas e voltas constantes,
mas nunca no mesmo ponto,
sempre a expandir-se
como um espiral gigante.
Absorção abdominal
como se puxa o fôlego,
aprende tudo o quanto puder,
até que a força visceral do vácuo,
criada pela expansão da
matéria condensada,
vá diminuindo, diminuindo
e de novo forme o câncer,
que vai crescendo, crescendo,
se condensando,
e se tranca mais uma vez,
se enclausura,
toma forma e vira uma nova tese,
a síntese,
até que chegue o ponto
de expandir-se
de novo da clausura.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Pense nisso
Corações vermelhos,
coração torto picotado
em tachas de madeira,
moldado no barro
pra que cheire terra.
Repartido em quantas metades?
Somente duas?
Ou sementes duma mesma poetisa?
Sempre pensei em números crus
para comportar minhas palavras
ou para limitar meus amores,
mas após tanto contar
encontrei apenas
um número que me conforta,
penso que se amor
fosse número seria isso:
infinito;
por ser palavra profunda
e para que não acabe em mim
ou no número 1
o amor que
senti,
sinto,
sentirei,
sentiremos.
Conjugado o amor
se torna verbo: amar.
Na primeira pessoa
do singular atrofia:
amo.
Na primeira pessoa
do plural cresce:
amamos.
Sendo passado e presente
ao mesmo tempo.
Mas no tempo futuro
tente a crescer ainda mais:
amaremos.
Amaremos o que?
Quem virá no predicado?
As mesmas pessoas
singulares e plurais
de nosso português arcaico?
Será número,
verbo,
pessoa ou
substantivo?
Ou deixará ainda
de ser palavra
pura e simplesmente?
Não poderá ser substância
escorrendo
para além da borda
da página,
da pauta do papel,
da grade da jaula?
Assim sendo
então não há de caber
num músculo do peito
isso que sinto e busco,
mas há de ser tudo
que sinto e toco,
pois agora vejo
em toda vida que julgo
ser diferente
na verdade parte do que sou,
pois somos todos parte
sem se partir.
Por isso sinto o que sentes
mesmo sem nunca
ter pisado os pés em Maputo,
mesmo sem nunca
ter cruzado o Atlântico
rumo as terras africanas,
todavia vivo
um pedaço da África
que desembarcou
na baia de todos os santos,
e mesmo não tendo marcada
em minha epiderme
a cor desta etnia,
danço ao mesmo batuque
do tambor
que meus meus irmãos e irmãs
afro brasileiros,
pois sei que somos um
mesmo sendo infinito.
Pois sou
a Bahia de todos os povos,
o coração de todos os lutadores,
o mundo de toda a vida,
o verso de todos os poetas.
coração torto picotado
em tachas de madeira,
moldado no barro
pra que cheire terra.
Repartido em quantas metades?
Somente duas?
Ou sementes duma mesma poetisa?
Sempre pensei em números crus
para comportar minhas palavras
ou para limitar meus amores,
mas após tanto contar
encontrei apenas
um número que me conforta,
penso que se amor
fosse número seria isso:
infinito;
por ser palavra profunda
e para que não acabe em mim
ou no número 1
o amor que
senti,
sinto,
sentirei,
sentiremos.
Conjugado o amor
se torna verbo: amar.
Na primeira pessoa
do singular atrofia:
amo.
Na primeira pessoa
do plural cresce:
amamos.
Sendo passado e presente
ao mesmo tempo.
Mas no tempo futuro
tente a crescer ainda mais:
amaremos.
Amaremos o que?
Quem virá no predicado?
As mesmas pessoas
singulares e plurais
de nosso português arcaico?
Será número,
verbo,
pessoa ou
substantivo?
Ou deixará ainda
de ser palavra
pura e simplesmente?
Não poderá ser substância
escorrendo
para além da borda
da página,
da pauta do papel,
da grade da jaula?
Assim sendo
então não há de caber
num músculo do peito
isso que sinto e busco,
mas há de ser tudo
que sinto e toco,
pois agora vejo
em toda vida que julgo
ser diferente
na verdade parte do que sou,
pois somos todos parte
sem se partir.
Por isso sinto o que sentes
mesmo sem nunca
ter pisado os pés em Maputo,
mesmo sem nunca
ter cruzado o Atlântico
rumo as terras africanas,
todavia vivo
um pedaço da África
que desembarcou
na baia de todos os santos,
e mesmo não tendo marcada
em minha epiderme
a cor desta etnia,
danço ao mesmo batuque
do tambor
que meus meus irmãos e irmãs
afro brasileiros,
pois sei que somos um
mesmo sendo infinito.
Pois sou
a Bahia de todos os povos,
o coração de todos os lutadores,
o mundo de toda a vida,
o verso de todos os poetas.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Nem toda relação é saudável
Porra velho!
Por quantas vezes mais
irei inaugurar minha manhã
em meu leito amnésico
olhando para o lado
e percebendo então,
que após juras de jamais,
acordo novamente
com esta rapariga do meu lado.
Ainda fita-me os olhos
com aquele ar de vitória
por ter uma vez mais
me dominado a alma.
Deixo então o recosto
de meu travesseiro,
que mais parece
ser feito de pedra,
e rastejando me dirijo
ao banheiro de minha casa,
abro o espelho
e preparo a escova
para tirar de minha boca
o gosto seco e azedo
daquela sebosa dama,
mas infelizmente é inútil,
por que seu perfume de quinta
parece ter grudado em minha pele,
transpira de dentro de meus poros,
encarnado de tal forma
que nem um banho de sal grosso
traria-me um resultado satisfatório,
como me resta apenas o chuveiro
deixo que sua água quente
derrame sobre meu corpo
para que ao menos
me livre a epiderme
desta fragrância insuportável,
talvez o vapor me dilate os poros
para que saia logo
estes vestígios da noite passada.
Saia! Saia!
Vá embora e escorra pelo ralo,
por que insiste em martelar
minha cabeça
causando-me esta enxaqueca
dos infernos?
Já não basta o golpe
que me deste no estomago?
Infeliz!
Como pude permitir
que se apossasse de meu corpo
desta maneira?
E não olhe para mim
com esta cara,
como se eu tivesse
esquecido o teu nome.
Pois irei agora invocá-lo
para jogaste uma praga.
Excomungo então tu:
rebordosa;
para que seja banida
para todo o sempre
de meu templo sagrado,
deste corpo
que não será mais teu.
Será? Será?
Será possível me livrar
de ti assim?
Tu que sempre me engana
e se aproveita de mim
justamente quando estou
atirado na sarjeta.
Mas quem me jogou lá não foste tu,
agora me lembro...
na verdade foi outra dama,
o cafetão para quem paguei
disse que se chamava gabriela
e que a textura de sua pele
era vistosa como um óleo.
Óleo?
Eu devia ter desconfiado
quando inalei
aquele perfume alcoólico
de canela e cravo,
mas não,
ignorei o fato
e seguimos abraçados
para uma viela qualquer,
onde ainda a compartilhei
com os amigos e amigas
que encontrei saudosos
ao ver que eu estava
em tentadora companhia.
Lá fui ainda apresentado
a outras damas.
Recordo-me de uma loira
dos lábios gelados,
além de uma gorda
com fina silhueta
usando um batom cor de uva,
que manchou meus lábios
após um beijo tinto suave.
Ha. como a carne é fraca!
Ainda me lembro vagamente
de trocar fluidos
com minha querida amiga,
de primeiro nome maria,
que geralmente me faz tão bem,
mas que derruba como um atropelo
quando me encontra já dopado
destas más companhias.
Mesmo ciente eu caio nesta arapuca,
foi um golpe fatal.
Logo estava lá,
eu,
agonizando na calçada
um despejo de mim mesmo
no chão,
e me recordo do momento
em que achei graça
ao ver-me ali naquela poça
usando bigode.
Veja só,
foi justamente nesta hora,
rebordosa,
que apareceste para mim,
somente após ter sido iludido
por suas comparsas,
foi justamente ao teu lado
que voltei caminhando para casa,
onde então nos embrulhamos
nos lençóis verdes de minha cama,
para que finalmente
tu pudesse me consumir de manhã.
Maldição!
Sempre a mesma ladainha!
Pois digo que prefiro
ser consumido por um ácido qualquer
para me fazer fritar
em borbulhas púrpuras,
com meus pomposos camarões
de cor rosa manga.
Prefiro me entregar
a outro colo que não o teu,
contigo não me misturo mais,
prefiro misturar-me
com nervosos elefantes camurçados
entre as folhas e cipós
de uma floresta equatorial
e morder a batata da perna
da nega jurema.
De agora em diante
quero apenas de ti
beijos selados
entre petiscos e gargalhadas,
um bico entre poesias declamadas,
ou um amasso engolado
após uma longa canção
acompanhada de viola e percussão,
somente para que me possa
aliviar a sequidão da garganta,
mas nego ir para a cama
acompanhado de ti,
pois teu gozo me abomina,
não quero mais!
Nossa profunda relação
acaba-se aqui neste instante,
ou isso,
ou um pedaço de meu fígado.
então saia por esta porta
e desapareça,
mas não me culpe
se um dia talvez
eu te chamar novamente
apenas para uma recaída.
Mas que seja rápida e fugaz,
antes que eu me lembre
da ressaca.
Por quantas vezes mais
irei inaugurar minha manhã
em meu leito amnésico
olhando para o lado
e percebendo então,
que após juras de jamais,
acordo novamente
com esta rapariga do meu lado.
Ainda fita-me os olhos
com aquele ar de vitória
por ter uma vez mais
me dominado a alma.
Deixo então o recosto
de meu travesseiro,
que mais parece
ser feito de pedra,
e rastejando me dirijo
ao banheiro de minha casa,
abro o espelho
e preparo a escova
para tirar de minha boca
o gosto seco e azedo
daquela sebosa dama,
mas infelizmente é inútil,
por que seu perfume de quinta
parece ter grudado em minha pele,
transpira de dentro de meus poros,
encarnado de tal forma
que nem um banho de sal grosso
traria-me um resultado satisfatório,
como me resta apenas o chuveiro
deixo que sua água quente
derrame sobre meu corpo
para que ao menos
me livre a epiderme
desta fragrância insuportável,
talvez o vapor me dilate os poros
para que saia logo
estes vestígios da noite passada.
Saia! Saia!
Vá embora e escorra pelo ralo,
por que insiste em martelar
minha cabeça
causando-me esta enxaqueca
dos infernos?
Já não basta o golpe
que me deste no estomago?
Infeliz!
Como pude permitir
que se apossasse de meu corpo
desta maneira?
E não olhe para mim
com esta cara,
como se eu tivesse
esquecido o teu nome.
Pois irei agora invocá-lo
para jogaste uma praga.
Excomungo então tu:
rebordosa;
para que seja banida
para todo o sempre
de meu templo sagrado,
deste corpo
que não será mais teu.
Será? Será?
Será possível me livrar
de ti assim?
Tu que sempre me engana
e se aproveita de mim
justamente quando estou
atirado na sarjeta.
Mas quem me jogou lá não foste tu,
agora me lembro...
na verdade foi outra dama,
o cafetão para quem paguei
disse que se chamava gabriela
e que a textura de sua pele
era vistosa como um óleo.
Óleo?
Eu devia ter desconfiado
quando inalei
aquele perfume alcoólico
de canela e cravo,
mas não,
ignorei o fato
e seguimos abraçados
para uma viela qualquer,
onde ainda a compartilhei
com os amigos e amigas
que encontrei saudosos
ao ver que eu estava
em tentadora companhia.
Lá fui ainda apresentado
a outras damas.
Recordo-me de uma loira
dos lábios gelados,
além de uma gorda
com fina silhueta
usando um batom cor de uva,
que manchou meus lábios
após um beijo tinto suave.
Ha. como a carne é fraca!
Ainda me lembro vagamente
de trocar fluidos
com minha querida amiga,
de primeiro nome maria,
que geralmente me faz tão bem,
mas que derruba como um atropelo
quando me encontra já dopado
destas más companhias.
Mesmo ciente eu caio nesta arapuca,
foi um golpe fatal.
Logo estava lá,
eu,
agonizando na calçada
um despejo de mim mesmo
no chão,
e me recordo do momento
em que achei graça
ao ver-me ali naquela poça
usando bigode.
Veja só,
foi justamente nesta hora,
rebordosa,
que apareceste para mim,
somente após ter sido iludido
por suas comparsas,
foi justamente ao teu lado
que voltei caminhando para casa,
onde então nos embrulhamos
nos lençóis verdes de minha cama,
para que finalmente
tu pudesse me consumir de manhã.
Maldição!
Sempre a mesma ladainha!
Pois digo que prefiro
ser consumido por um ácido qualquer
para me fazer fritar
em borbulhas púrpuras,
com meus pomposos camarões
de cor rosa manga.
Prefiro me entregar
a outro colo que não o teu,
contigo não me misturo mais,
prefiro misturar-me
com nervosos elefantes camurçados
entre as folhas e cipós
de uma floresta equatorial
e morder a batata da perna
da nega jurema.
De agora em diante
quero apenas de ti
beijos selados
entre petiscos e gargalhadas,
um bico entre poesias declamadas,
ou um amasso engolado
após uma longa canção
acompanhada de viola e percussão,
somente para que me possa
aliviar a sequidão da garganta,
mas nego ir para a cama
acompanhado de ti,
pois teu gozo me abomina,
não quero mais!
Nossa profunda relação
acaba-se aqui neste instante,
ou isso,
ou um pedaço de meu fígado.
então saia por esta porta
e desapareça,
mas não me culpe
se um dia talvez
eu te chamar novamente
apenas para uma recaída.
Mas que seja rápida e fugaz,
antes que eu me lembre
da ressaca.
A poesia é mais sincera
Escrevo versos
quando já não cabem
em mim os sentimentos.
Escrevo porque preciso,
por mim e por você.
Escrevo por que angustia
é uma palavra só,
e quando a crisálida
precisa ser rompida,
num declame
de palavras cortantes,
lanço flechas
para que todos sangrem,
para que todos sintam a dor
de ver nossa primavera,
outrora nos dentes,
ser roubada.
Desaforo não se leva pra casa,
então escrevo por que preciso,
por mim e por você,
por nós e por todos,
por que a minha essência
é a tua essência,
por que sou inteiro apenas do teu lado.
A loucura
parece me trazer a lucidez,
e a minha raiva
é de quem sabe
o valor que a vida tem.
Mesmo que pareça tolo
nada é mais sincero que meus versos,
é meu corpo nu
para que vejas minha vergonha,
para que percebas que realmente
escrevo por que
já não me resta mais nada a fazer.
A colorir
Sabe um dia daqueles,
desses que ninguém ver passar?
Quando não chove nem faz sol,
quando tempestade faz dia virar noite,
lua cheia faz noite virar dia,
noite, noite-dia.
Pense num dia daqueles,
no momento crucial do crepúsculo
onde céu despenca sobre a terra
e dissolve o tempo no espaço,
no firmamento do acaso
que não existe de fato,
sentirias o sentido nefasto
do personagem criado e encarnado
para o circo dos senhores?
E se um dia desses
pudéssemos enxergar,
através das vitrines,
o coração enfermo
das manequins alienadas,
seriamos capazes de
nos despir de toda
e qualquer dominação?
Teriam sentido as etiquetas
em corpos nus?
E se nesse dia,
que seria um dia qualquer,
minha poesia pudesse
tocar o teu coração
para a arte de viver,
para um amor
sem limites e posses.
E se meus versos
te despertassem um
sentimento de busca pela
liberdade plena suprimida
e te revelassem
para um novo belo,
virias, enfim, comigo
a caminhar descalços
pelos campos de urucum
para se pintar das
cores da vida?
Leitura de mundo
Não leia a poesia
como se lê um memorando,
leia a poesia como se lê
os pontos e virgulas
do mais envolvente perfume.
Não leia somente com os olhos,
mas com todos os sentidos
que o corpo pode oferecer ao espírito.
Viva a sua poesia, conviva com ela,
sinta-a como se fosse
o último pensamento de sua vida.
Abra los ojos
Algum dia já lhe perguntaram
o que é a felicidade?
Pare imediatamente esta poesia e pense,
pense!
...
As idéias não nascem conosco,
na verdade nos dias de hoje,
as idéias são anteriores a vida,
podendo, ou não, serem desconstruídas
e reconstruídas ao longo de nossa história.
De onde vem o teu conceito de felicidade?
Durante muito tempo pensei
ser felicidade um sonho,
da mesma forma que um dia pensei
ser ciúme prova de amor.
Que tolice minha!
E só pude perceber tamanha tolice
quando me libertei da prisão
que é o meu orgulho,
quando admiti que poderia estar errado
e passei a questionar minhas verdades.
Não!
Não tenho a verdade aprisionada
dentro de meus pensamentos,
e nem tentarei te provar aqui
por A+B o que é a felicidade.
Sei hoje o que ela é para mim
e tal descoberta só foi possível
por que tirei minhas próprias conclusões.
Então não quero estragar o prazer
do seu próprio processo
caso ainda não a tenha descoberto,
mas mesmo que o tenha,
questione sempre.
Não posso dizer o que é felicidade para você,
mas quem sabe eu possa dizer o que ela não é.
A felicidade não é um sonho!
Ela existe de fato, e sendo assim,
pode apenas ser construída naquilo que é real.
Durante muito tempo a maioria de nós
aprendeu a ver a felicidade em meras ilusões,
como se a vida fosse uma novela,
ou como se nossas necessidades reais
fossem tudo aquilo que cabe numa propaganda comercial.
Pois se foi toda essa asneira que aprendeu
durante toda tua vida,
trate de desaprender!
A mídia hoje não te deixa pensar,
pois então pense!
Perceber a essência da realidade
pode ser algo um tanto doloroso,
afinal,
ninguém quer descobrir que a felicidade
pode ser uma mentira,
que os paradigmas construídos a longos anos
podem não ser concretos,
principalmente quando todos
repetem a mentira mil vezes
transformando-a em verdade.
Novos valores precisam ser construídos,
sophia é uma virtude,
não um belo rosto.
Não, a felicidade não é um sonho!
Os sonhos são o nosso horizonte,
a felicidade está dentro de ti e a sua volta,
descubra-a para que possa vê-la,
descubra o que você é,
perca o medo para que possa enxergar,
se sensibilize com o que vê,
abra os olhos!"
o que é a felicidade?
Pare imediatamente esta poesia e pense,
pense!
...
As idéias não nascem conosco,
na verdade nos dias de hoje,
as idéias são anteriores a vida,
podendo, ou não, serem desconstruídas
e reconstruídas ao longo de nossa história.
De onde vem o teu conceito de felicidade?
Durante muito tempo pensei
ser felicidade um sonho,
da mesma forma que um dia pensei
ser ciúme prova de amor.
Que tolice minha!
E só pude perceber tamanha tolice
quando me libertei da prisão
que é o meu orgulho,
quando admiti que poderia estar errado
e passei a questionar minhas verdades.
Não!
Não tenho a verdade aprisionada
dentro de meus pensamentos,
e nem tentarei te provar aqui
por A+B o que é a felicidade.
Sei hoje o que ela é para mim
e tal descoberta só foi possível
por que tirei minhas próprias conclusões.
Então não quero estragar o prazer
do seu próprio processo
caso ainda não a tenha descoberto,
mas mesmo que o tenha,
questione sempre.
Não posso dizer o que é felicidade para você,
mas quem sabe eu possa dizer o que ela não é.
A felicidade não é um sonho!
Ela existe de fato, e sendo assim,
pode apenas ser construída naquilo que é real.
Durante muito tempo a maioria de nós
aprendeu a ver a felicidade em meras ilusões,
como se a vida fosse uma novela,
ou como se nossas necessidades reais
fossem tudo aquilo que cabe numa propaganda comercial.
Pois se foi toda essa asneira que aprendeu
durante toda tua vida,
trate de desaprender!
A mídia hoje não te deixa pensar,
pois então pense!
Perceber a essência da realidade
pode ser algo um tanto doloroso,
afinal,
ninguém quer descobrir que a felicidade
pode ser uma mentira,
que os paradigmas construídos a longos anos
podem não ser concretos,
principalmente quando todos
repetem a mentira mil vezes
transformando-a em verdade.
Novos valores precisam ser construídos,
sophia é uma virtude,
não um belo rosto.
Não, a felicidade não é um sonho!
Os sonhos são o nosso horizonte,
a felicidade está dentro de ti e a sua volta,
descubra-a para que possa vê-la,
descubra o que você é,
perca o medo para que possa enxergar,
se sensibilize com o que vê,
abra os olhos!"
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