quinta-feira, 10 de novembro de 2011

aMARgamia II



No fim das contas,
não fui menos tolo que você,
ao te acusar de
querer trancafiar sentimentos
em pequenas caixas
no fundo do peito.

Me julguei emancipado.
Ao comparar o amor a flor,
acreditei ser um pássaro,
ave colibri.

Agora já não sei mais,
apesar de saber mais de mim.
Agora sei o quanto supérfluo pode ser
apenas degustar do néctar
sem também consumir a flor inteira,
descobrir mais que sua aparência,
redescobri-la ao passo dos anos.

Hoje,
se fosse comparar o amor com algo tátil,
não escolheria a flor,
elegeria o mar.

Por mais prazeroso que seja
visitar inúmeras praias,
conhecer a beleza peculiar de cada uma,
nada substitui a intensidade
de se mergulhar fundo
no profundo oceano,
e conhecer as maravilhas
escondidas abaixo da superfície
que se apresenta aos olhos precipitados.

Mergulhar, porém, requer tempo.
E talvez uma vida nem seja o bastante...