quinta-feira, 29 de outubro de 2009

PARA QUANDO NÃO TIVER VONTADE ALGUMA

Quando chegar o dia da entrega
de meu corpo aos vermes,
que não derramem lágrimas em demasia,
nem demasiada seja o louvor a dor,
pois a vida que prossegue
já não precisará de mim.

Este lindo mundo torto,
que me traz as angustias
de eternos "que fazer?",
coisas que ainda penso em viver,
já não farão mas sentido na morte.
Tenho consciência que sempre
restarão planos inconclusos,
restos de processos
que não me importarei
em deixá-los nas mãos dos que ficarem,
afinal,
já não terei mais como me importar.
Meu conforto reside em saber
que as belas pessoas que conheci aqui e acolá,
não deixarão que sejam em vão
as tentativas,
minhas e de vários outros,
de tornar o mundo algo melhor.
Gosto de saber
que saberão viver sem o ser que fui.

Sequer me importarei onde enfiarão o "eu defunto",
só espero não ter o desprazer
de despertar de meu sono eterno
somente para dar um basta
em qualquer canto fúnebre que toquem,
destes já escutei demais
para saber o quanto são desnecessários.

Sei a dor que a morte trás,
nenhuma novidade,
mas nenhuma dor vale a pena ser nutrida.
E que minha morte nutra
a vida dos vermes, bactérias e plantas
para onde irei.

O mais importante para mim é saber
que conheci a tristeza e a felicidade
enquanto vivi.
Se puder ter uma longa vida,
viverei,
caso seja curta,
paciência,
defuntos não lamentam.

Estas são minhas vontades
para quando já não tiver vontade alguma.