quarta-feira, 27 de novembro de 2013

COMO SE APRESENTA

Justo o primeiro julgamento,
sempre calçado em preconceito,
não satisfaz o juízo perfeito,
nem serve de contentamento.

Vacilo de dar fé quase completa
à um mal caráter travestido.
Deslize de seguir o pior sentido
da aparente direção correta.

Por mais que oculte seu realce,
parcialmente ou até inteira,
gasta a fachada num impasse.

Evidencie a essência verdadeira,
nenhuma máscara esconde a face
por tanto tempo quanto queira.


terça-feira, 22 de outubro de 2013

POEMA DE SUPERIORIDADE

O fio da letra
que fere a carne
sem corta-la,
a humilhação
que transferimos
à pessoa errada.
A maldade
da qual fugimos,
mas que nem sempre
nos falta.

A adesão covarde
ao ataque injusto,
quando a defesa
seria a postura digna.
A indiferença fria
para com aqueles invisíveis
seres alienígenas.

A forte
e arrogante sorte
dos que tratam alguém
como inferior,
sentindo no fundo
um prazer constrangedor.

Um interior medíocre,
esvaziado pela
preocupação efêmera
de se viver priorizando
aparências.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

SONETO DE GRANDEZA

Eu que nunca fui estrela
até busquei por certo brilho
tentei entrar num espartilho
parecer sem nunca sê-la.

Por sorte nunca tive jeito
de me gabar com tal sucesso
estrelei pouco, mas confesso
ter cobiçado melhor pleito.

As vezes me percebo seduzido
mas venho querendo serenidade
de ser melhor do que tenho sido.

Se hoje modero a iniquidade
admito, porém constrangido,
que até invejei a tua vaidade.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

SONETO DOS NAMORADOS

As lembranças de um setembro,
aquele fevereiro que não chegaria,
a sua janela que pulei naquele dia,
o primeiro presente de dezembro.

A dúvida de quem diria primeiro,
as brigas de qualquer outubro,
a separação num julho rubro,
o recomeço de todo janeiro.

As rasuras deste nosso passado,
já que na vida não há rascunho,
belo vaso torto de tanto colado.

Quero dizer neste testemunho,
que nosso amor não será comprado
em um qualquer doze de junho.