quarta-feira, 8 de julho de 2009

NA PAREDE DA MEMÓRIA


A força da memória
é um badalo que ensurdece,
por isso abafam seu eco quando é risco,
por isso resiste por quem não esquece.
Eis a parte que me cabe neste latifúndio,
já nem parece que ali uma cidade existiu,
Canudos escondida foi barragem a baixo construída,
aqueles que ocultam memórias o fizeram,
como quem quer esconder de si mesmo
o que prefere não enxergar,
o que prefere que não enxerguem.
Em meio as águas apenas um sinal vida,
a cruz numa torre alta da igreja,
uma cabeça e dois braços,
o bastante para quem sabe
que chegada a seca
ressurgem as casas.

2 comentários:

  1. AS TRÊS CANUDOS

    A primeira surgiu como uma pequena aldeia nos arredores da Fazenda Canudos, no século XVIII. Com a chegada de Antônio Conselheiro e seus seguidores, em 1893, o lugar foi rebatizada para Belo Monte, e passou a crescer vertiginosamente. Calcula-se que no seu auge em 1897 contasse com 25.000 habitantes, sendo destruída pelo Exército durante a Guerra de Canudos (1896-1897). A segunda Canudos surgiu por volta de 1910, sobre as ruínas de Belo Monte. Seus primeiros habitantes eram sobreviventes da guerra. Depois de uma visita do presidente Getúlio Vargas, em 1940, decidiu-se construir um açude no local. Em 1950, com o princípio das obras de construção da barragem que inundaria o vilarejo, os habitantes começaram a sair. Muitos se mudaram para o Cocorobó, uma antiga fazenda que ficava aos pés da barragem em construção. Com o término das obras, a segunda Canudos desapareceu por sob as águas do açude de Cocorobó em 1969. O vilarejo de Cocorobó tornou-se município em 1985 e, apesar de ficar a 20 km do local original, foi rebatizada de Canudos, tornando-se assim a terceira cidade com este nome.

    Entre 1994 e 2000, as ruínas da segunda Canudos puderam ser vistas no interior do açude, nas épocas de seca.

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  2. Pareceu ser interessante da primeira vez que eu ouvi. Ao reler o poema, entendendo do que se trata, onde cada um tem um pouco de Canudos, cada um passou por esse auge, por essa guerra, e por esse esquecimento. Claro que cada um de sua forma, e do seu jeito. Muitas barragens estão sendo construídas por aí, mas espero que chegue um dia em que as pessoas se toquem que nada pode apagar essas memorias, elas ainda irão aparecer nos dias de seca, e desse jeito vai ainda ser pior, será uma lembrança afogada que vem a tona nos seus piores dias.

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