quinta-feira, 14 de abril de 2011

LEVANTA O PÓ DA ESTRADA

Havia tanto tempo que multidões
não cruzavam o horizonte,
que os anos assentaram
o pó da estrada.

Mas os tempos são outros
e novos ventos
começam a soprar.
É que a vida
não vai nada bem,
está tudo de pernas pro ar.
Os valores
são os piores possíveis.
O sucesso é a ganância
no conforto da filantropia.
Está tudo de pernas pro ar,
e finalmente
o sagrado vira profano.

E a vida
não vai nada bem.
As primeiras caravanas
começam a se mexer,
e o seu
movimento
levanta
a poeira da estrada.
O desespero que se apega
ao primeiro sinal
de esperança.

As pessoas começam
a acreditar em si mesmas,
a confiar na força
que possuem nas mãos,
abandonando antigas direções.
Autonomia,
neste instante,
é sinal de maturidade.

Está chegando a hora
de fazer acontecer.
Me armo
com bandeiras de luta,
palavras de ordem,
e meus poemas de combate,
muito embora me pergunte
até quanto estas armas
serão o bastante.

É momento de incertezas,
mas também de muita
coragem
para buscar as respostas
das grandes questões
do nosso tempo.
O desafio é imenso,
mas não podemos ter medo
do assalto ao céu,
derrubar abaixo o império.
Pois é bem verdade
que nestes tempos
de incerteza
não haverá muito tempo
para sentir medo.

3 comentários:

  1. "e a vida
    não vai nada bem"

    em todos os âmbitos, em todas as crenças e pretensas autonomias... a vida não vai nada bem desde a conta que tem cerveja a mais até os pertencimentos deixados propositalmente pra trás...entremeando aí todo um retalho de sutilezas, devaneios, sagacidades e intuições que escapam levemente acobertados entre diálogos que partilham da cumplicidadecinismo... assim mesmo, todo e tudo junto e sem esfera.

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  2. Mas há tanta coisa para se deixar pra traz...
    É preciso...
    Podem até ser reencontradas com novos sentidos,
    muito embora muitas vezes não...

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  3. o engraçado (?) é que este abril anda mesmo despedaçado...

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