Havia tanto tempo que multidões
não cruzavam o horizonte,
que os anos assentaram
o pó da estrada.
Mas os tempos são outros
e novos ventos
começam a soprar.
É que a vida
não vai nada bem,
está tudo de pernas pro ar.
Os valores
são os piores possíveis.
O sucesso é a ganância
no conforto da filantropia.
Está tudo de pernas pro ar,
e finalmente
o sagrado vira profano.
E a vida
não vai nada bem.
As primeiras caravanas
começam a se mexer,
e o seu
movimento
levanta
a poeira da estrada.
O desespero que se apega
ao primeiro sinal
de esperança.
As pessoas começam
a acreditar em si mesmas,
a confiar na força
que possuem nas mãos,
abandonando antigas direções.
Autonomia,
neste instante,
é sinal de maturidade.
Está chegando a hora
de fazer acontecer.
Me armo
com bandeiras de luta,
palavras de ordem,
e meus poemas de combate,
muito embora me pergunte
até quanto estas armas
serão o bastante.
É momento de incertezas,
mas também de muita
coragem
para buscar as respostas
das grandes questões
do nosso tempo.
O desafio é imenso,
mas não podemos ter medo
do assalto ao céu,
derrubar abaixo o império.
Pois é bem verdade
que nestes tempos
de incerteza
não haverá muito tempo
para sentir medo.