sábado, 14 de janeiro de 2012

MEDINDO GRANDEZAS



Nem que tudo quanto fosse rio,
nem que tudo quanto fosse água
neste mundo, por ventura, evaporasse,
revelando os abismos
mais profundos dos mares,
nem assim seria possível dar vazão
a tudo isso que agora transborda
de meu peito.

Este nó na garganta,
que desata apenas ao dizer
que te amo tanto.

ALIMENTO


Somente mesmo
a angustia
para me fazer
jorrar palavras
como quem
vomita.

A agonia
de não ser capaz
de conter dentro si
um sentimento forte.
Seja a dor intensa,
seja o êxtase.

O desespero
para desabafar
consigo mesmo,
tornado visível numa folha
como num espelho.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

RAÍZES CORTADAS

Entro onde caibo,
me acomodo fácil
em cantos quaisquer,
sobretudo nos recintos
recíprocos.

Me mostro
onde posso me esconder.
Na segurança que encontro
onde posso ser
quem sou.

Por vezes fui
por demais tolo
acreditando inutilmente
que caminhos não podem
ser incertos,
que todo lar seria
um lugar certo, ponto cardeal.
Quando, na verdade,
o lar é "quem"
ao invés do "onde".

Fui castigado por
minhas tolices,
voltadas agora
contra mim.
Ironia, enfim,
não castigo.

Já não mais caibo
onde quis ficar,
por mais tardada
convicção.
E como dói levantar
após estar aconchegado
a certo tempo.
Mas onde está cheio de si,
já está vazio de todo o resto.
Para não mais
ficar no vácuo,
evacuo de onde
não há mais vontade.

Sem rancor
ou remorso algum.
Se me despediram,
me despeço e vou.