Um corte de luz,
cortaram a água,
um corte serrote,
cortaram a escada.
Por mó de que?
A mando de quem?
Em quem se manda?
Meus olhos não vêem,
minha consciência explica,
és tão real
quanto ao ato que praticas.
Força invisível opressora,
tão quanto o maldito mandante,
o teu dia irá chegar,
teu riso há de passar,
carne cortada
sangrando na terra,
sangrado verei
os vermes te devorar.
Toda forma de alegria,
cada hora de nossa
lúdica lucidez vivida,
qualquer forma
de verso subversivo
tentam nos mutilar,
mas os inúteis não sabem
que as idéias estão em segredo
em lugar que nos acompanha
passo a passo
onde quer que estejamos,
onde quer que possamos estar.
Podem nos privar do mirante,
mas o por do sol toma todo o céu,
onde tua mesquinhez
não pode alcançar.
E se não nos cortaram as asas,
ainda podemos voar,
um novo horizonte enxergar,
palavras de ordem versar,
escrever poesias e te incomodar
fazer protesto como forma
de lutar.